consumo de alimentos orgânicos vem tomando espaço no prato da população mundial e o povo brasileiro não fica atrás. 

Segundo a Associação de Promoção dos Orgânicos a procura desse tipo de alimento cresceu 30% em 2020, com uma média de 10% ano contra ano na última década.

Esse crescimento se deve à associação dos alimentos orgânicos com mais saúde, serem livres de agrotóxicos ou pesticidas e, consequentemente, não agredirem o meio ambiente.

Porém, você sabe a real diferença de um alimento orgânico para um não orgânico? 

Nesse artigo vamos desmistificar os alimentos não orgânicos e mostrar que eles não necessariamente fazem mal a nossa saúde, mas também vamos mostrar os benefícios dos orgânicos e te dar informação para você escolher o que supre melhor a sua rotina.

Por dentro da sopa de letrinhas dos orgânicos e não orgânicos 

Muitas palavras que diferenciam esses dois mundos já são conhecidas por nós: agrotóxicos, pesticidas, minerais, hormônios, transgênicos, hidropônicos, fertilizantes e NPK vem à mente de bate e pronto.

Além disso, se um desses itens for usado para produção de alimentos, a sua horta não será mais considerada orgânica. 

Por outro lado, algumas dessas palavras são uma espécie de suplemento alimentar e assim como os humanos usam suplementos químicos para garantir a ingestão de uma quantidade desejada de nutrientes, as plantas podem ter essa mesma necessidade.

Agrotóxicos, Agroquímicos, Pesticidas ou Defensivos Agrícolas

Começando pelo mais polêmico, os agrotóxicos são os maiores vilões quando se trata de uma alimentação mais saudável para você e para o mundo, mas nem sempre estamos certos em acreditar nisso.

A finalidade dessa substância é o controle de pragas e fungos principalmente no crescimento da cultura no campo, mas podem ser adicionados em outros momentos da agricultura, como no armazenamento ou transporte.

Vantagens:

– Alimentos com agrotóxicos costumam ser mais baratos que os equivalente orgânicos

– Permitem uma maior certeza sobre o desenvolvimento e colheita da cultura, aumentando a produtividade

Desvantagens:

– O excesso de agrotóxicos está associado a doenças como câncer, alzheimer e doença no feto, como a má formação do cérebro, segundo a Nature

– Pesticidas podem causar desequilíbrio do ecossistema, como contaminação dos rios e do solo ao redor da lavoura

Alimentos com agroquímicos passam por processos rigorosos de avaliação dos órgãos competentes, mas dependendo da legislação do seu país, você pode encontrar flexibilizações nada legais para o seu bem-estar e o bem-estar do mundo.

São classificados de pouco perigosos a extremamente perigosos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e o uso das formulações que comprovadamente fazem mal ao ser humano e ao ambiente vem sendo banidas da agricultura.

Contudo, no início de 2019, durante o governo Bolsonaro, foram aprovados 450 agrotóxicos, sendo que somente 10 possuem classificação de baixa toxicidade. O atual governo também revogou a Lei de Agrotóxicos nº 7.8022, de 1989, deixando a regulação de órgãos competentes, como a Anvisa, sem direcionamento claro e alto poder de flexibilização pelo Ministério da Agricultura.

O cultivo de monoculturas, reduzindo a variabilidade genética e empobrecendo o solo, além do clima quente do Brasil, favorecem essa indústria que movimenta mais de U$ 10 bilhões ao ano somente no nosso país. 

Por fim, esse tipo de substância já causou danos sérios ao ecossistema, podendo ficar no solo por anos e desequilibrar a cadeia alimentar da região, ou seja, mesmo que uma variedade de agrotóxicos tenham baixo risco de contaminação, a falta de regulamentação e a indústria bilionária faz com que pouco se mude visando a saúde do consumidor e do mundo.

Transgênicos e Hormônios 

Alimentos transgênicos também não são considerados orgânicos, já que se modifica geneticamente uma planta para melhorar alguma das suas características, normalmente característica essa associada a maior produtividade do campo. 

Atualmente, existem diversas pesquisas sobre transgênicos e como eles afetam a saúde do ser humano e de outros seres vivos, mas é um campo aberto à discussão e aqui vou apresentar um pouco dos dois lados.

Primeiro, para aqueles que defendem o uso, seguem os motivos:

– Menor Uso de Agrotóxicos – Segundo a CIB – Conselho de Informações sobre Biotecnologia – os transgênicos permitem o menor uso de agrotóxicos, já que melhoram a resistência da planta a bactérias e fungos. Essa redução também diminui o consumo de água, usada para diluir o agroquímico, e o de combustível, das máquinas que pulverizam produtos;

– Aumentam a Produtividade – modificando geneticamente com foco de acelerar o crescimento por área, o produtor consegue aumentar a sua oferta de produtos e, consequentemente, reduzindo custos para o consumidor

– São mais Nutritivos – como conseguimos modificar suas características, podemos adicionar novos nutrientes ou aumentar a quantidade daqueles que nos interessam, tornando o alimento mais nutritivo.

No entanto, existem órgãos que sinalizam os riscos ao consumidor e nos lembram que as embalagens com o símbolo “T” em amarelo existem por alguns motivos, como:

1. Risco das Patentes e Concentração Fundiária – Segundo o Idec, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o detentor dos alimentos transgênicos são as grandes empresas agrícolas, que têm capacidade de pesquisa. 

Contudo, para os demais agricultores será cobrado royalties para uso da espécie transgênica, e esse agricultor fica preso por ter que garantir uma produtividade para ser competitivo e por sua lavoura ter tido contato com um alimento geneticamente modificado.

Sendo assim, caso ele queira usar uma cultura não modificada depois, pode haver cruzamento genético por uma planta que restou ou por insetos, e o gene modificado permanecer na sua lavoura, aumentando a dependência do agricultor sobre as grandes indústrias donas das patentes.

2. Aumento de Alergias, Resistência a Antibióticos e Substâncias Tóxicas – uma pesquisa realizada pelo Instituto de Nutrição de Nova York revela que o aumento de alergias a produtos à base de soja aumentou em 50% , possivelmente devido a modificação genética do cultivar.

A resistência a antibióticos se deve aos testes desses alimentos: pesquisadores colocam bactérias em contato com o alimento para testar se ele está mais resistente. Assim, depois de ingerirmos, essa resistência pode causar a anulação do efeito do remédio para o ser humano, trazendo riscos à saúde da população. 

Por conseguinte, o aumento de substâncias tóxicas nas plantas pode causar danos a demais seres vivos, como o milho transgênico Bt que matou lagartas de uma espécie de borboleta, a monarca, espécie essa que atua como agente polinizador. 

Novamente, por fazer parte de uma indústria que movimenta muito dinheiro, os alimentos transgênicos em muitos países não são devidamente testados, abrindo mão da saúde do meio para o aumento da produtividade e faturamento de poucos interessados.

Fertilizantes, minerais, NPK e Hidroponia  

Quando vamos ao supermercado nos deparamos, principalmente na seção de verduras, com raízes como essa aqui:

Raízes com um aspecto de encharcada, muito volumosas e sem nenhum resquício de solo aparente, esses são alimentos hidropônicos.

Os hidropônicos são amplamente usados nas variedades das folhosas, como rúcula e alface, por suas folhas serem basicamente formadas de água.

Por não ser necessário o uso de solo e a administração nutricional se dar basicamente pelo controle dos minerais na água, é um método bastante utilizado no cultivo alimentar.

Assim, os minerais, que são os componentes do que conhecemos como fertilizantes, suprem as necessidades da planta e são industrializados pelo ser humano, podendo ter características distintas dependendo do alimento a ser cultivado. 

A palavra minerais classifica os fertilizantes, que também podem ser  fertilizantes orgânicos ou organominerais, e são compostos de sais inorgânicos. 

Inorgânico é tudo que não possui carbono na sua formação e o fertilizante mais comumente utilizado é o NPK, que contém os três macronutrientes mais necessários para a boa formação da planta.

O “N” vem de nitrogênio, enquanto o “P” é o fósforo e o “K” o potássio. A ordem também nos indica o grau de importância de cada nutriente, sendo o nitrogênio o mais importante para a maioria das plantas, e também o mais difícil de ser suprido na agricultura orgânica, pela maneira química que esse nutriente é disponibilizado.

Os fertilizantes não fazem mal ao meio ambiente e ao ser humano e podem ser comparados ao suplemento alimentar que nós humanos tomamos, como as nossas vitaminas.

Um ponto de atenção é o sistema que você está usando para cultivar a sua horta com fertilizantes, sistema autoirrigáveis, como a Brota, possuem maior disponibilidade de água, componente que facilita a ativação dos íons livres no solo  e, consequentemente, a absorção da planta.

Dessa maneira, se errarmos na mão na hora de adubar a planta com fertilizante, podemos matá-la de excesso de nutrientes, e isso é bem comum de acontecer, mesmo em cultivos com vasos convencionais.

Existem uma infinidade de tipos de fertilizantes e no nosso blog tratamos desses diferentes tipos e como escolher o seu.

Horta Orgânica ou Horta com Fertilizante, qual escolher? 

Manjericão Rubi: ambos com 32 dias de vida, o superior cultivado na agricultura orgânica enquanto o inferior cultivado na agricultura não orgânica

Chegada a grande hora de começar sua horta, como escolher entre uma orgânica ou uma com fertilizante?

Vamos as vantagens de cada uma:

Horta Orgânica

Vantagem: 

Horta fácil e barata – consegue fazer a horta com compostos mais acessíveis, até da sua própria cozinha, e não existe muito investimento em conhecimento para começar, já que dificilmente você irá adubar demais com adicionais orgânicos.

Um bom começo de horta orgânica é essa receita já conhecida:

  •  50% de terra vegetal – que pode ser feita em uma composteira ou comprada pronta da loja de jardinagem -;
  • 40% de húmus de minhoca ou esterco de vaca – material que vai gerar a disponibilidade dos macro e micronutrientes e;
  •  10% de um material inerte, que pode ser vermiculita se você quiser deixar o solo mais irrigado ou fibra de coco triturada se quiser deixar o solo mais aerado.

Abundância de Micronutrientes – provavelmente você não irá possuir déficit de micronutrientes, que são fundamentais para o crescimento saudável da sua planta.

Desvantagens: 

Mais interações com a Horta – terá que ser tratada mais vezes, aumentando sua interação com a horta, já que os macronutrientes acabam presentes em menor quantidade do que a planta demanda. Assim, você vai adubar o solo mais vezes ao longo do plantio.

Horta mais devagar – crescimento menos acelerado e plantas menores, já que a planta não consome a matéria orgânico, e sim bactérias e outros seres vivos do solo que consomem e disponibilizam os íons livres que a planta demanda. Esse processo acaba gerando perdas e é mais demorado.

Horta com Fertilizante

Vantagens: 

– Melhoram a estrutura do solo; 

– Eliminam a possibilidade de fertilização excessiva; 

– Risco muito baixo de gerar elementos nocivos às plantas, como sais; 

– São biodegradáveis, sustentáveis e renováveis; 

– Podem ser feito em casa

Desvantagens:

– Por necessitar de calor para os microorganismos realizarem a quebra dos nutrientes, os fertilizantes orgânicos são sazonais; 

– Como já dito, soltam de forma lenta os nutrientes no solo; 

– A taxa de nutrientes são frequentemente desconhecidas;

Conclusão

Agora que você está informando dessa sopa de letrinhas que é a agricultura, saiba que o mais importante é começar a interagir com a terra e, de pouco em pouco, cultivar o seu próprio alimento, de forma saudável para você e para o mundo, adaptando o seu cultivo a sua rotina.

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